Participei do III Congresso Internacional de Evangelização Mundial, em Cape Town, no mês de outubro passado, fruto da importante linhagem de congressos no Movimento de Lausanne.
A segunda noite já estava para terminar suficientemente profunda e emocionante depois dos vídeos das igrejas asiáticas, dos testemunhos de pessoas perseguidas e da carta da igreja da China, quando entra uma menina no enorme palco principal do evento.
Pequena, franzina, oriental. Aparentava 16 ou 17 anos. Depois de tanto impacto e de um dia bem cansativo, não dou muita atenção. A voz doce e firme da menina vai ganhando meus ouvidos quando diz que nasceu na Coréia do Norte e teve que fugir com a família pelo fato de seu pai estar sendo perseguido pela ditadura. Refugiados na China, encontram-se com Cristo e se convertem. Sua mãe, grávida do segundo filho, morre de leucemia. Em seguida o pai é descoberto, detido, deportado e preso na Coréia. Ela fica sozinha e é cuidada por um pastor americano e sua família, que residia na China. Poucos anos depois, seu pai é solto e volta para a China. O tempo de prisão não arrefeceu a sua fé, pelo contrário, serviu como combustível para inflamar seu coração para continuar vivendo e transbordando sua fé na Coréia do Norte, seu país. Pediu que a filha continuasse por um tempo com a família da China para que ele levasse um carregamento de Bíblias para a Coréia. Ele o fez, mas foi novamente preso e , dessa vez, executado.
Uma menina de 17anos, completamente órfã.
Quando a família se preparava para voltar aos EUA, a menina teve um sonho onde via Jesus. Ele a dizia: “Gyeong Joo, não tenha medo. Eu estou contigo e quero que vá para a Coréia do Norte falar do meu amor. Por que ainda está esperando?” Ela acordou decidida a ficar na China e a se preparar para voltar para seu país, compartilhar o amor de Deus que alcançou e transformou sua família.
Pergunto-me, depois de tanto sofrimento e desgraça, como uma menina tão nova, tão frágil, consegue ver a beleza do amor de Deus a ponto de entregar-se até às últimas conseqüências? Só quem conhece de fato esse amor saberá me responder.
Ela terminou dizendo: “Vou para a Coréia do Norte expressar o amor de meu Deus, honrar o sangue de meu pai e o de meu irmão, Jesus Cristo.”
Silêncio. Ela começa a chorar. O rosto de menina do início, que transformou-se no de uma heroína enquanto contava sua história, voltou a ser rosto de menina enquanto chorava. Chorei junto com ela. Queria muito abraçá-la bem apertado, enxugar suas lágrimas e lavar seus pés. Um pastor chinês o fez e senti-me representado.
Escrevo ao lado de minha cama, mas não tenho coragem de deitar-me nela. Como um ato simbólico de honra aos meus irmãos chineses, vou deitar-me e dormir essa noite no chão. Como ato simbólico de honra e amor pela pequena coreana, derramo as minhas últimas lágrimas da noite.
Gyeong Joo Son só tem 17 anos, mas o mundo não é digno dela.
artigo escrito por Fabricio Cunha
Encontrei esse artigo quando o @oficina_g3 postou no twitter!
Fonte: fabriciocunha.com.br
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