É fora de ética citar nomes dos hereges?




heregesA Bíblia diz que são muitos os enganadores que viajam pelo mundo (2 Jo 7-8), assim como o Mestre Jesus recomenda para termos cuidado com os falsos profetas (Mt 7.15). Devido à mentalidade pós-moderna, parece ser inadmissível nos referirmos à uma religião ou líder religioso de uma maneira negativa apresentando seus erros e contradições. Infelizmente, esta mentalidade anti-cristã é aceita por inúmeros líderes evangélicos em nossos  dias. O que devemos observar é que Jesus Cristo, assim como os apóstolos, denunciava pelo nome os que prejudicavam a Igreja e contribuíam para o afastamento da verdade. Os líderes cristãos que não eram sinceros e não ensinavam a verdade do evangelho   deveriam ser denunciados  (Gl. 2.11; 1Tm 1.19,20;  2Tm 2.16-18;  2Tm 4.10,14).
A Bíblia autoriza citarmos nomes dos que não andam conforme a doutrina cristã e promovem libertinagens assim como aqueles que produzem heresias de perdição. Milhões de evangélicos e pastores acreditam que não se deve citar nomes dos hereges, todavia estes irmãos desavisados se esquecem que os pecados de Gálatas 5.19-21 são todos obras da carne assim como as heresias, e os que os praticam não entrarão no reino de Deus.
É interessante notar que os cristãos que viveram no período da Reforma não pensavam como os atuais líderes evangélicos. Os reformadores tinham seus pensamentos bem estabelecidos, como por exemplo, acreditavam que a Igreja Católica Romana era a grande “Babilônia” e não se envergonhavam de fazer tal declaração. Hoje os evangélicos, na sua grande maioria, certamente nunca se pronunciariam abertamente de uma maneira negativa à Igreja de Roma, ao contrário, alguns pastores ecumênicos até a defenderiam.
Muitos dos atuais cristãos-evangélicos não vêem com bons olhos aqueles que julgam as pregações e obras de alguns líderes ditos cristãos, pois acreditam que este ato é errôneo. Infelizmente quase toda a Igreja de Cristo enredou por este falso pensamento, que infelizmente não era o caminho apostólico. Será que os autores bíblicos pensavam que era “fora de ética” citar negativamente algumas pessoas, como milhões hoje acreditam?  Existem algumas passagens bíblicas onde os apóstolos citam positivamente assim como negativamente certas pessoas, obreiros e pastores. Ao solapar os argumentos daqueles que acreditam ser errado citar nomes de pessoas de uma maneira negativa, apresentaremos de uma maneira contundente algumas passagens do Novo Testamento, provando assim que não é “fora de ética” citar nomes daqueles que deixaram a integridade bíblica e permitem heresias e libertinagem entre a Igreja de Cristo.
João batista ignorou toda ética que poderia existir em sua época quando se referiu aos judeus de seu tempo: “Dizia pois João à multidão que saía para ser batizada por ele: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que está para vir? Produzi pois frutos dignos de arrependimento, e não comeceis a dizer em vós mesmos: temos Abraão por pai...” ( Lc 3.7,8 ARC – 1983 , Grifo meu).
O Senhor Jesus Cristo ao se referir a uma autoridade romana, deixou a suposta ética estabelecida pelos homens e disse a verdade:Ele, porém, lhes respondeu: Ide dizer a essa raposa que, hoje e amanhã, expulso demônios e curo enfermos e, no terceiro dia, terminarei.” (Lc 13.32 ARA – 1999, Grifo meu).
O Senhor Jesus não usou a ética mundana quando se referiu aos escribas e fariseus: “ Então, Jesus disse à multidão e aos seus discípulos: “ Os mestres da lei e os fariseus se assentam na cadeira de Moisés. Obedeçam-lhes e façam tudo o que eles lhes dizem. Mas não façam o que eles fazem, pois não praticam o que pregam (...). Ai de Vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês fecham o Reino dos céus diante dos homens! Vocês mesmos não entram, nem deixam entrar aqueles que gostariam de fazê-lo (...) Serpentes! Raça de víboras! Como vocês escaparão da condenação ao inferno? (...)  ( MT Cap. 23.1-36 NVI – 1995, Grifo meu).
O apóstolo João também não ligava para qualquer tipo de ética ao se referir a certas pessoas. João elogia Gaio – III Jo 1-2, porém cita o nome de Diótrefes que se opunha a ele, e mais tarde na mesma carta (v.120) cita Demétrio, que andava na luz com seu testemunho. Nesta carta observamos que por três vezes ele cita nomes de pessoas, sendo que duas de maneira positiva e uma de maneira negativa. O apóstolo João tratou publicamente com Diótrefes, que propagava falsas doutrinas e se recusava a ouvir o que João e outros líderes cristãos tinham a dizer (3 Jo 9).
Observe citações em que Paulo citava certas pessoas de uma maneira positiva. Ele cita duas mulheres, a avó Lóide e a irmã Eunice (2 Tm 1.5), que ensinaram bem o jovem Timóteo e por isso são elogiadas pelo apóstolo. Paulo também cita positivamente obreiros que o apoiaram, como os da casa de Onesíforo ( 2 Tm 1.16).
Porém, Paulo também faz citações de uma maneira negativa ao se referir a certas pessoas e líderes cristãos:
Paulo chama de “cães” os maus obreiros (Fil 3.1-3).
Ele confrontou até mesmo Pedro publicamente quando as ações dele comprometeram a liberdade do Evangelho (Gl 2.11-14).
Paulo tratou publicamente com Himeneu e Alexandre quanto ao assunto referente à blasfêmia que cometeram (1 Tm 1.20).
Ele tratou publicamente com Alexandre, o latoeiro, por suas atividades danosas (2Tm 4.14). Paulo cita por nome dois obreiros de maneira negativa – Fígelo e Hermógenes  - II Tm 1.15
Fica evidente, pela Bíblia, que não é “fora de ética” citarmos o nome de qualquer pessoa ou líder evangélico que não ande conforme os padrões morais e doutrinários das Escrituras. Um apologista cristão ilustra bem nossa responsabilidade neste aspecto:
Imagine o  leitor se há um remédio sendo comercializado, trazendo perigo de morte á população. Certamente as emissoras de rádio e TV não conseguiriam prestar um serviço ao público levando ao ar o seguinte anúncio: “Informamos que há um remédio sendo vendido nas farmácias que poderá levá-lo à morte. Desde que não vamos citar o nome do remédio, tente descobrir por você mesmo”. Não seria isso um absurdo? Quando alguém descobrisse que remédio é esse, já seria tarde demais. [1]
Por Marcos Lopez
(Evangelista da Assembléia de Deus zona norte de São Paulo)


[1] Romeiro, Paulo. Evangélicos em crise: São Paulo. 1995. p. 40

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