Campanha da Fraternidade 2010 e a Igreja Evangélica


campanha_da_fraternidadeA Campanha da Fraternidade para 2010 trata de um tema altamente explosivo “Uma economia para vida”. A busca por uma economia que privilegia a vida, a sociedade e o ecossistema é muito bem vindo. Numa hora em que a sociedade mundial sofre abalos sísmicos financeiros em toda parte, vale refletir sobre o porque de uma vida centrada no dinheiro. Quando o Senhor Jesus disse que não poderíamos servir a Deus e a Mamon é porque Mamon teria poder e atuação como se fosse um deus. Temos vivido a face negra de Mamon em nossos dias quando por mais capital que se gere grande parte é capital improdutivo e especulativo. O montante de capital que circula o planeta em busca de melhores oportunidades de lucro é algo descomunal, varia entre muitos trilhões de dólares. Basta um click de computador e bilhões de dólares são transferidos de continentes e países entram em pânico devido à saída de capital. Uma economia que privilegia extremamente o lucro em detrimento da ecologia é algo devastador no médio e longo prazo e estamos vivendo isso de modo aterrador em nossos dias, haja vista, a desastrosa conferência de Copenhague em 2009. Precisamos falar de Eco-nomia, uma economia integrada à ecologia, pois, do contrário não teremos mais planeta nem condições para gastarmos os lucros obtidos com os negócios. O grande problema com ecologia é que o homem foi educado a ser o outro em relação ao ecossistema. Ele se vê fora do meio em que vive e utiliza de tudo o que tem, sabe e pode para destruir, poluir e degradar o meio ambiente, como se o planeta se auto-recuperasse automaticamente. Essa é a face negra de Mamon. Mamon tem poder de escravizar, deturpar e condenar o homem.
Mas por outro lado, vejo essa Campanha para 2010 como uma cutucada direta ao modelo adotado pelos neo-pentecostais em suas igrejas, onde Mamon é visto como um ajudador e solucionador de problemas. Vejo como uma provocação (sadia por sinal) que Mamon não pode imperar no seio da igreja. Estamos cansados de promessas descabidas, desequilibradas e frontalmente contra a Palavra de Deus. Outro dia um tele-evangelista praticamente garantiu que quem ofertasse em seu ministério, naquela semana, Deus daria 100 vezes mais até o final do ano. ABSURDO, ABSURDO E ABSURDO. Isso foi algo orgíaco, indecente e imoral. Para muitos pregadores, o Deus da Bíblia anda de braços dados com Mamon. São diametralmente opostos. Deus não é Deus de dinheiro e muito menos teve em seu plano redentor essa blasfema proposta de enriquecimento rápido apregoada por esses pregadores neo-pentecostais. Mamon entrou de vez no seio da igreja. Agora a moda é grandes ministérios terem aviões etc. Isso fere o conceito cristão sobre mordomia dos bens. Ao invés de buscar o Reino de Deus em primeiro lugar, estão buscando as outras coisas em primeiro lugar para que o Reino lhes seja acrescentado.
Chega o momento em que precisamos destronar Mamon e entronizarmos a Cristo como Senhor da igreja, de nossas vidas e consciências. Chega o momento e já chegou em que as pedras estão clamando em alto e bom tom. Isso é vergonha para a igreja evangélica brasileira.
Grande parte da igreja se vê refém de Mamon porque os pregadores tornaram-se bocas de Mamon ao invés de serem bocas de Deus. Realmente Mamon tem poder de escravizar.
Mamon tem poder de deturpar. Tem deturpado grande parte da mensagem do Evangelho de Cristo. Para muitos, Cristo morreu na cruz para gerar fortunas descomunais para muitos. Não foi esse o propósito da Cruz. Isso não estava incluído no plano eterno de Deus em relação ao homem. Não quero afirmar que Deus não possa abençoar o homem em todas as áreas, mas levar tudo para isso é deturpação extrema da vontade de Deus. Mamon deturpou tanto a mensagem do Evangelho, pois, não ouvimos mais pregadores falarem sobre o desastre do pecado, arrependimento e maravilhosa graça de Deus em Cristo demonstrada na Cruz.
Não, não existem tais mensagens hoje em dia. Isso não é bem vindo em nosso meio. O homem não precisa de arrependimento e vida nova, precisa sim é de dinheiro e isso se torna em mostra de como Deus opera a seu favor. A sociedade não precisa dessa mensagem materialista e capitalista. Não precisa de conceitos puramente de auto-ajuda para se equilibrar. Precisa sim de uma mensagem candente onde o pecado é mostrado abertamente juntamente com suas desgraças e da maravilhosa mensagem da Cruz que transforma o homem de mercenário, idólatra e inimigo de Deus em filho do Altíssimo.
Mamon condena sim. Condena o homem a uma subvida onde nada mais tem a buscar senão somente o poder que o dinheiro pode dar. Jesus Cristo veio sem aparência e transformou. Veio sem dinheiro e riquezas mas enriqueceu a muitos. Mamon tem condenado grande parte da igreja ao desprezo, à vergonha e a inocuidade. Disse o Senhor Jesus: “Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?”
Quando estivermos diante do Senhor e formos medidos por Ele, Ele não passará sua fita métrica em torno dos nossos bolsos, mas o fará em torno de nossos corações. O que valerá no final não será o montante financeiro ou de bens alcançados, mas o montante de consagração dedicada a Ele.
Soli Deo Glória.

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