Haiti - Catástrofe e Deus


Quando um país vive uma catástrofe como a ocorrida no Haiti, nada continua do mesmo jeito. O governo do Haiti havia sepultado até ontem (19.01.10) 72 mil vítimas desde terça passada, segundo seu premiê, Jean-Max Bellerive. Isso faz do terremoto de 7 graus na escala Richter a mais letal tragédia das Américas em todos os tempos e um dos piores terremotos do mundo nos últimos cem anos. Parece-me que a capacidade destrutiva do terremoto equivaleria a 1000 bombas atômicas lançadas no Japão no final da 2ª guerra mundial. Ainda nesta terça-feira, os números foram atualizados para 75 mil mortos, 250 mil feridos e um milhão de desabrigados, segundo anunciou a Direção da Proteção Civil haitiana. A estimativa total de mortos no país permanecia entre 100 mil e 200 mil mortos e 250 mil feridos.
Um país devastado desde sua colonização e subseqüentes embargos econômicos totais devido a sucessivos golpes militares, se vê afundado numa das maiores crises de todos os tempos. As nações se movimentam para minorar tal tragédia e se comovem com a atual situação. Ficamos a nos perguntar onde está Deus em uma hora como esta? Como compatibilizar a bondade de Deus com tamanha desgraça?
Precisamos lembrar que as catástrofes naturais se dão dentro do conhecimento de Deus, mas também se dão por questões naturais e de criação. Ainda continuam as acomodações geológicas em várias partes do mundo, o que faz surgir desastres naturais. Deus, ao criar a terra o fez dentro de princípios que promovem o bem-estar do homem, mas também o fez dentro de leis naturais que o homem convive durante séculos. Em nada podemos culpar Deus por aquilo que aconteceu no Haiti. Vale lembrar que o mal, muitas vezes, advém do bem. Um exemplo simples dá para entendermos a afirmativa anterior: ”a água é um bem inestimável para o ser humano, mas pessoas morrem afogadas”. Dentro dos princípios que Deus criou para o habitat do homem, existem variáveis que interferem e são normais no bom andamento da criação. Deus, creio eu, ao ver tamanha destruição, apesar de conhecer antecipadamente, não fica impassível diante disso. Quando diante da maior tragédia da raça humana, que foi o pecado, Ele agiu e o fez com a maior genialidade e poder que nunca ninguém havia pensado antes, basta um pouco de teologia para entendermos isso. Não acredito que Deus tenha prazer nessas catástrofes e que nem fique impassível diante disso. Esse acontecimento deveria apontar para o bem maior como fonte de esperança. A humanidade poderia utilizar esta catástrofe para perceber que diante de tamanho mal existe o bem maior, e somente entendemos o mal porque o bem existe. Culparmos Deus não vai resolver o grande problema gerado pelo terremoto. Alguns líderes cristãos têm se posicionado a favor de que este terremoto e tragédia que assolaram o Haiti advém de punição de Deus diante do nível espiritual daquele povo. O pr. Pat Robertson, fundador do Clube 700, fez esta afirmação na revista Times há poucos dias. Isso me enoja. Faz de Deus um ser sem misericórdia e totalmente frio. Creio que Deus possa usar meios físicos para exercer Sua justiça, mas isso é outra coisa. Essa afirmação de Robertson o coloca na condição de juiz de toda terra e o promove a ser o mais espiritual de todos, pois, conseguiu definir a causa do desastre. Quando a igreja deveria demonstrar misericórdia, empatia e um bom senso de humanidade, algumas lideranças fazem o contrário. Nesta hora gostaria de ver os grandes ministérios se mobilizarem para minorar a dor do povo haitiano. Gostaria de ver os tele-evangelistas venderem seus livros, CDs, DVDs e toda tralha oferecida para a massa evangélica e destinar 80%, no mínimo, como ajuda humanitária. Isso seria sonhar alto demais. Creio firmemente que Deus espera que Seu povo se movimente e mostre ao mundo o valor da fé cristã. Que Sua igreja agite as águas e leve alento e conforto para aqueles que precisam. Creio que Deus, através da Sua igreja, quer mostrar ao mundo que, apesar dos desastres naturais, que são normais, Sua Graça surpreende e é suficiente. Ao invés de apontarmos os dedos acusando um povo sofrido e desgastado temos de estender as mãos solidárias, oferecer nossas lágrimas como demonstração que sofremos também e a esperança de dias melhores através de Cristo. Para terminar, vi um vídeo na internet. Um homem que não podia se mover, pois, estava com uma laje sobre si. Uma repórter americana (acho) lhe perguntou como ele estava. Ele respondeu que sua vida estava nas mãos de Jesus.
Soli Deo glória.
Pr. Luiz Fernando R. de Souza

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