Líder de louvor: Você não é um rockstar


“Mas quando lembramos Quem é a audiência realmente, alivia-se a pressão de agradar os homens.”
Eu uso “líder de louvor” apenas no sentido de me referir ao cara que lidera a música. É claro, a adoração musical é apenas uma parte do louvor que acontece no Domingo. É apenas uma das velas acesas, ao lado da adoração por meio da pregação, da comunhão, do serviço, da entrega e de estacionar nas vagas mais distantes para que os mais velhos estacionem mais perto.
Mas quando as pessoas falam que gostaram do “louvor”, geralmente se referem à “banda”. E o primeiro a evitar isso deveria ser o próprio líder de louvor. Assim, aqui estão quatro dicas para o líder de uma banda…
Você não é um rock star
A tarefa do líder de louvor é não interferir na adoração, e redirecionar nossa atenção para Deus. Ele não fará isso se está mostrando sua habilidade de liderar. Líderes de louvor devem ser humildes. Devem se vestir com modéstia. Às vezes os músicos têm um estilo definido quando estão tocando durante a semana. Mas quando vão à frente, na igreja, sua marca pessoal é o mais importante. Quando um baterista reclama de ficar dentro do “aquário”, você já imagina que ele está mais interessado em se exibir do que em focar no Senhor. Quando o baixista pede por uma oportunidade de fazer um solo, aí está mais uma prima donna que você descobriu. O pastor precisa ser o principal responsável pela adoração musical. Se o líder da banda exige liberdade criativa, rejeita qualquer opinião dos líderes ou se torna impaciente com os limites impostos à escolha de músicas, então ele não é homem que você procura para essa tarefa. Ele precisa se inspirar em Etã, o ezraíta (veja o Salmo 89), não na Better than Ezra [Melhor que Esdras]
O conteúdo é o principal
O líder precisa entender que sua preocupação primordial é o conteúdo das músicas. Uma doutrina sólida deve ser a marca de cada letra. Ele pode até ter que mudar algumas letras para conformar a música ao padrão doutrinário da igreja; não há problema nisso.
Nós já fizemos isso em nossa igreja. O sentimental “He thought of me above all” [Ele pensou em mim, acima de tudo] se tornou o levemente mais correto “He showed His love above all” [Ele demonstrou Seu amor, acima de tudo]. Ao selecionar músicas e hinos para o culto, a preferência pessoal é um luxo. Se os grisalhos gostam de “Castelo Forte”, toque-a com alguma frequência. Se os músicos não gostam… e daí? Isso não é a banda de garagem dele, é o culto a Deus, feito pelo seu povo.
Menos é mais
A música está lá para apoiar a letra. Stuart Townend, músico muito conhecido, em um treinamento sobre louvor em Joanesburgo, falou a alguns líderes que, às vezes, é melhor se perguntar não “como eu deveria tocar para essa parte ficar melhor?”, mas “eu deveria tocar nessa parte?”. O que ele quis dizer é que há momentos em que é melhor silenciar os instrumentos e deixar as vozes da congregação encher o ambiente.
Serve como um bom lembrete que apitos, sinos e outros sons podem levar a congregação a se distrair. Exemplo: quando um guitarrista está fazendo um solo desnecessário, pense no que o resto de nós está fazendo. Estamos lá, em pé, assistindo. Penso que poderíamos usar esse tempo para admirar a glória de Deus na habilidade de sua criatura de improvisar. Mas na verdade, a maioria de nós fica só esperando a nossa vez de louvar a Deus.
Louve!
Os membros da banda não estão dando um show, estão adorando. Deus deve ser seu foco. É por Ele que eles chegam cedo para ensaiar e ficam até mais tarde desmontando os equipamentos. É por Ele que eles treinam, sozinhos, durante a semana. O Domingo é sua oferta para o Senhor. Eles precisam ser como o Little Drummer Boy e tocar o seu melhor para Deus (pa-rampam-pam-pam). Essa mentalidade também ajuda a banda a lidar com as reclamações das pessoas.
Na era do iPod, quando podemos ter todas as músicas que gostamos no bolso, na altura que quisermos, o estilo das músicas do louvor se torna um problema na maioria das igrejas.
Alguns querem ouvir mais o baixo, outros desejam que o baterista tire longas férias. Alguns gostam mais alto, outros querem ouvir suas próprias vozes. Esse tipo de coisa pode paralisar um líder. Mas quando lembramos Quem é a audiência realmente, alivia-se a pressão de agradar os homens.
Traduzido por Filipe Schulz | iPródigo.com

A Infantilização da Vida Cristã



A primeira infância na vida de um ser humano é marcada por um forte sentimento egoísta. Ao nascer, a criança deseja para si o amor, a atenção, a proteção dos pais e o peito da mãe. Tudo caminha relativamente bem, até que ela toma consciência que o amor da mãe, expresso e manifesto de todas as formas possíveis, não é apenas seu. Esse amor “exclusivo” precisa ser dividido, compartilhado, repartido. O nascimento de um irmão mais novo, ou a tomada de consciência da existência de um irmão mais velho, com certeza desencadeará o ciúme, a rivalidade e a competitividade entre irmãos, que se manifestarão das mais diversas formas, podendo ir do sentimento de ódio ao ato homicida. Mais do que uma teoria psicológica ou psicanalítica, o fato é encontrado nas primeiras páginas do livro do Gênesis. 

 Em Gênesis 4.1 a Bíblia nos relata o nascimento de Caim. O primogênito de Adão e Eva gozou de todos os privilégios, de toda a atenção, de toda a proteção, de todos os cuidados, de todos os mimos, de todos os abraços, do peito, do colo, do afago, do amor. Tudo, na própria concepção da criança Caim era dele e para ele. Foi a partir de Gênesis 4.2 (considerando o nascimento de Abel subsequente ao de Caim), que as coisas começaram a mudar para Caim. Tudo que pertencia a Caim, como citado acima, teria que ser repartido com o seu irmão. Com certeza, os sentimentos que afloraram em Caim não foram diferentes daqueles que nos dominavam na infância, quando queríamos que aquele ou aqueles que “roubavam” de nós os privilégios e a exclusividade não existissem, ou pelo menos, que estivessem bem longe. Na primeira infância, não apenas sentimos tais coisas, mas somos por elas também movidos a agir, de forma que o ciúme e o ódio se manifestam em palavras e atos agressivos. 

Quem nunca tomou um brinquedo seu da mão do irmão? Mordidas, beliscões, tapas e socos nortearam o comportamento de muitas relações entre irmãos que se percebiam como rivais, que lutavam pelo direito de exclusividade e propriedade das mesmas coisas. Caim perdeu a exclusividade do amor dos pais, e inclusive, na condição de filho, da adoração a Deus. Tudo que possuía teria que dividir com Abel. Na medida em que envelhecemos, estes sentimentos infantis que geram disputas tendem a ser superados, ou ao contrário, podem nos dominar e serem reproduzidos nas mais diversas formas de relacionamentos adultos. Nesse caso, nem sempre a idade adulta cronológica é sinônimo de maturidade psicológica. Em Abel não havia maldade ou algum desejo de usurpar o que era de Caim. 

O irmão mais novo só queria o seu espaço. Deus se agradava de Abel: Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura deste. Agradou-se o SENHOR de Abel e de sua oferta; (Gn 4.4). Caim ganhava anos de vida, mas seus sentimentos e emoções permaneceram os mesmos da infância, sempre lutando por aquilo que entendia ter sido roubado ou tomado por seu irmão. Deus, em razão disso, não se agradava de Caim: [...] ao passo que de Caim e de sua oferta não se agradou. Irou-se, pois, sobremaneira, Caim, e descaiu-lhe o semblante. Então, lhe disse o SENHOR: Por que andas irado, e por que descaiu o teu semblante? Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo. (Gn 4.5-7). No colo, no peito e nos braços da mãe há lugar para todos os filhos. 

A atenção, a proteção e a provisão do pai, da mesma maneira, são também suficientes para todos. Mesmo em tempos de escassez, os pais tratam de dividir com os filhos tudo por igual. O ciúme e a rivalidade alimentados por Caim culminaram com um sentimento e um ato homicida (Gn 4.8). As manifestações de rivalidades e contendas que vivenciamos ao longo de nossa vida adulta, mas nem sempre madura, geralmente são reproduções destes sentimentos de nossa primeira infância. É neste sentido que Paulo escreve aos coríntios: Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim como a carnais, como a crianças em Cristo. Leite vos dei a beber, não vos dei alimento sólido; porque ainda não podíeis suportá-lo. Nem ainda agora podeis, porque ainda sois carnais. Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas, não é assim que sois carnais e andais segundo o homem? (1 Co 3.1-3) Percebam que Paulo associa os ciúmes e as contendas ao fato dos irmãos em Corinto serem “crianças em Cristo” disputando coisas, lugares e preferencias. 

Nos dias atuais as coisas não são diferentes, e encontramos ainda “crianças em Cristo” na igreja disputando cargos, posições e privilégios. Uma relação transferencial acontece, onde os sentimentos que se tinham pelo pai são direcionados para Deus Pai e para o pastor-pai, e o sentimento que se tinha pela mãe, para a Igreja-mãe. Dessa maneira, as “crianças em Cristo” disputam a preferência, a atenção, a provisão e a proteção do Deus Pai e do pastor-pai, e a exclusividade do peito, dos braços, do colo e do amor da Igreja-mãe. Ao percebermos que isso não é possível, e que precisamos dividir com os outros irmãos na fé estas coisas, os instintos infantis brotam, e a velha e infantil rivalidade, briga e intriga ressurge. Podemos, inclusive, desejar a distância e a morte dos nossos irmãos na fé. 

O amadurecimento na vida cristã implica em entender que o Deus Pai, o pastor-pai e a Igreja-mãe têm amor e lugar para todos os filhos. Não precisamos ser irmãos rivais e competidores, mas leais e cooperadores. Precisamos ainda ajudar, consolar, socorrer, incentivar, apoiar e servir uns aos outros. Não devemos alimentar o ciúme e ódio infantil pelo fato de alguns irmãos ocuparem certos lugares e possuírem determinados dons e talentos. Completamo-nos através do que a cada um foi concedido em Cristo e pelo Espírito. Alcancemos assim a varonilidade perfeita, a maturidade (gr. teleios), a medida da estatura da plenitude (gr. pleroma) de Cristo (Ef 4.13). Vivamos em unidade, harmonia e em comunhão, para o louvor e a glória de Deus. Seguindo a verdade e o amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo (Ef 4.15). 

Sou sujo porque tenho fugido da cruz e fingido amá-la




Davi não foi a única pessoa a clamar: “Lava-me!” (Sl 51.2). Antes e depois dele, na história bíblica e na história eclesiástica, muitos têm dobrado os joelhos e feito a mesma súplica, tanto pessoal como representativa.

O jornal católico “O Lutador”, em agosto de 2011, publicou um belo texto escrito pelo frei Patrício Alessandro Sciadini, de 64 anos, frade carmelita nascido na Itália, missionário no Brasil, conhecido como pregador de retiros espirituais e tradutor de algumas obras clássicas de espiritualidade. Embora use a primeira pessoa do singular, Sciadini certamente não está se referindo apenas a sua própria sujeira. Trata-se antes de uma confissão representativa que todos deveríamos assinar. A palavra “sujo” aparece várias vezes, como se pode ver em seguida:

Toda Quinta-Feira Santa, sinto-me como sacerdote pequeno-grande, “sujo”, um pouco traidor e medroso como os apóstolos no Cenáculo.

Sinto-me “sujo” por fora e por dentro. Tenho caminhado pelas estradas do mundo e tenho me deixado contaminar por tanta sujeira; pela sujeira do relativismo teológico e moral.

Sou sujo porque tenho fugido da cruz e fingido amá-la.

Estou “sujo” pelos meus pecados e pelos pecados dos outros, por todas as vezes que não tenho dado bom exemplo e não tenho falado a verdade por medo dos outros; tenho mimetizado e dulcificado o evangelho de Jesus para não perder amigos e amigas.

Tenho o coração “sujo” porque não sei amar, ou amo fazendo particularidades e separando a humanidade em bons e maus, deixando de lado tantos irmãos e irmãs que vivem ao meu redor e que são, sem dúvida, melhores do que eu.

O coração está “sujo” porque apegado às coisas da terra, e não sei olhar para o céu.

Senhor, sinto-me “sujo”. É por isso que em cada Quinta-Feira Santa quero que tu me laves, não os pés, mas todo o corpo, a alma, o coração, para que possa sentar-me na Ceia e ser digno de comer do teu corpo e beber do teu sangue. Sei que voltarei a sujar a minha vida, mas sei também que a tua misericórdia me chamará de novo para ser purificado.

Não há como duvidar, Senhor, que todo pecado é traição do teu amor, mas que os pecados dos teus ministros sacerdotes, bispos de tua Igreja, e mesmo do papa, por mínimos que sejam, são sempre grandes porque todos os olhos do povo peregrino, nômade, sofrido nas noites escuras, fixam-se em nós, procurando em nós o rosto de Cristo.

Que te posso dizer, Senhor? Sou um sacerdote sujo: lava-me, purifica-me e torna-me capaz de derramar sobre os outros, pelo sacramento da confissão, o teu sangue que lava e dá nova vida a todos os pecadores. Deixa, Senhor, que eu desça de meu pedestal e imite a ti, não só uma vez, no rito de Quinta-Feira Santa, no lava-pés, mas todos os dias eu saiba me cingir de toalhas e lavar os pés dos outros e enxugá-los!
 
Fonte: “O Lutador”, 11-20 ago. 2011, p. 13. Via Revista Ultimato compartilhado no PCamaral

As 10 lições que o filme “Os Vingadores” podem ensinar à Igreja


 
Aproveitando o sucesso do filme “Os Vingadores”, o pastor Greg Stier, que trabalha com jovens e lidera o ministério de evangelismo “Ouse compartilhar”, escreveu um breve estudo para o The Christian Post com objetivo de causar reflexão sobre como o trabalho em conjunto pode levar a igreja a vencer sempre.
Nesse artigo ele passa dez lições tiradas do filme conseguindo encontrar ligações bíblicas para que os cristãos entendam a mensagem pensando em batalha espiritual. Por exemplo, o escudo do Capitão América (interpretado pelo ator Chris Evans) pode ser interpretado como escudo da fé descrito no livro de Efésios.
Mas não são apenas as armas desses super-herois que podemos ligar as mensangens da Bíblia, todos eles são chamados para a missão de salvar as pessoas. Stier então cita o versículo 27 de Filipenses 1 que diz para combatermos juntos com o mesmo ânimo pela fé do evangelho.
Com um orçamento estimado em US$ 300 milhões, o filme promoveu o encontro dos hérois dos quadrinhos Thor, Homem de Ferro, o Incrível Hulk e Capitão América . Ao quarteto de superpoderosos une-se uma dupla de agentes, a Viúva Negra e o Gavião Arqueiro, sob o comando do chefe da S.H.I.E.L.D., a agência que procura proteger o mundo, Nick Fury.
O filme “Os Vingadores” entrou em cartaz no dia 27 de abril e em seus três primeiros dias arrecadou mais de US$ 200 milhões , a melhor estreia da história do cinema.

Confira as lições:

1.) É difícil fazer com que eles lutem juntos, mas quando decidem fazê-lo, as pessoas são salvas (Filipenses 1:27).
2.) Eles aprenderam a lidar bem com as diferenças (Gálatas 3:28).
3.) Bruce Banner (Hulk) tem um grande “poder interior” que ele pode usar a qualquer momento (Efésios 6:10).
4.) O Homem de Ferro tem uma armadura impenetrável e sabe como usá-la (Efésios 6:13).
5.) O Capitão América tem um poderoso escudo e sabe como usá-lo (Efésios 6:15).
6.) Thor empunha uma arma capaz de destruir o inimigo (Efésios 6:17).
7.) Hulk não se curva diante de outros deuses [Thor, Loki] (Êxodo 20:3).
8.) Eles não têm um plano de ataque. Eles só têm um plano… ATAQUE! (Tiago 1:22).
9.) Seu líder tem cicatrizes (Isaías 53:3-6).
10.) Eles estão unidos por um objetivo comum (Mateus 28:18-20).

Fonte: Gospel Prime

O que Procurar em uma Igreja?


Clareza sobre o evangelho da graça. Existem muitas falsificações, especialmente as distorções do evangelho que fazem do pecado algo de que você não precisa se afastar ou se libertar. Atente cuidadosamente para o conforto e o chamado do evangelho. Primeiramente, preste atenção em Jesus dizendo, “Eu não te condeno”. Porém, também procure por “vá e não peques mais”. Essa ordem é muito importante. A remoção da condenação vem antes do chamado à obediência. Todavia, ambos precisam estar lá para que a igreja pregue o evangelho.

Pregação centralizada em Cristo. Talvez você esperasse que eu dissesse “pregação expositiva”, mas é possível entregar uma exposição de um texto da Escritura sem nunca chegar a Jesus Cristo. Isso é especialmente verdadeiro em pregações no Antigo Testamento. Não me lembro quem disse isso, mas se a exposição do Antigo Testamento que você está ouvindo não for rejeitada por uma sinagoga, então o pregador não está pregando a Cristo. A exposição da Escritura é o meio pelo qual chegamos a Jesus. Entretanto, este é o meio, não o fim, da pregação de Jesus Cristo e este crucificado.

Adoração pública teologicamente informada. Os elementos básicos da adoração estão presentes: leitura pública da Palavra, exortação e ensino das Escrituras, canções, orações, e os sacramentos do batismo e da Ceia do Senhor? Além desses elementos básicos, procure por músicas com letras que exaltem a Jesus Cristo e aprofundem sua apreciação e compreensão do evangelho da graça. Não estou dizendo que canções curtas como “Eu te amo, Senhor” não têm lugar na adoração pública, mas se o conteúdo das músicas para a adoração pública, como um todo, é superficial, isso deveria te levar a pensar.

Pessoas hospitaleiras. Se o evangelho está realmente fazendo a diferença em uma comunidade de cristãos, eles vão amar as pessoas desconhecidas, e não daquele jeito bajulador e falso “Estou-contente-por-você-estar-aqui-porque-eu-tenho-que-estar-contente-por-você-estar-aqui”. O que quero dizer é que você se sente genuinamente acolhido e amado pelas pessoas quando as encontra e passa tempo com elas adorando.

Disciplina da igreja. A disciplina na igreja tem recebido uma reputação desfavorável. Ela não pode ser reduzida apenas a disciplina final e punitiva, mas deve incluir também um aspecto formativo. A disciplina da igreja acontece quando os seus membros estão dispostos a voltarem uns aos outros de volta para Jesus em um chamado amoroso ao arrependimento, através do encorajamento no sofrimento, e de exortações para crescer em graça.

Compaixão para com os pobres. 1 João 3.17 diz que se nós, que temos recursos materiais, vemos nosso irmão em necessidade e não nos compadecemos dele ele, não temos o amor de Deus em nós. Assim, é um teste da fé cristã autêntica que a igreja se preocupe com os pobres. Mais do que isso, o nosso cuidado para com os pobres, embora deva dar prioridade à comunidade dos crentes, deve se mover para além da igreja, para a comunidade ao seu redor:“façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé” (Gálatas 6.10).
É um teste da fé cristã autêntica que a igreja se preocupe com os pobres
Preocupação para com os perdidos, evidenciada por uma igreja comprometida com o evangelismo pessoal. E por “comprometida com o evangelismo pessoal” não quero dizer uma igreja que tenha programas evangelísticos, mas uma igreja em que as pessoas amam seus próximos o suficiente para lhes falar sobre Jesus. Portanto, procure por um interesse sincero em alcançar os perdidos com o evangelho da graça por parte dos pastores e das pessoas nos bancos da igreja, não como forma de obter melhores números nos gráficos, mas porque eles amam verdadeiramente as pessoas como pessoas, não como potenciais evangelísticos.

Traduzido por Cleber Filomeno | iPródigo.com

40 livros mais lidos pelos evangélicos brasileiros nos últimos quarenta anos



Toda lista é pessoal, e esta não é uma exceção, mas busquei seguir aqui critérios objetivos: livros que foram campeões de vendagem, citados e debatidos, que influenciaram e continuam influenciando os evangélicos brasileiros, livros muito lidos com alto índice de rejeição, e também os que hoje estão operando uma mudança paradigmática na cultura evangélica contemporânea. Escolhi no máximo um livro por autor e procurei incluir alguma diversidade cultural e de gênero literário, bem como denominacional e teológica, sem que isso nos tirasse do projeto original: listar os quarenta livros que, nos últimos quarenta anos, fizeram a cabeça do povo evangélico brasileiro. Ordenei a lista por ordem de importância: dos livros mais influentes aos menos influentes dentre os quarenta selecionados, independentemente da data. Divirta-se concordando ou discordando, corrigindo meus equívocos e fazendo sua própria lista.

1. “Mananciais no Deserto” -- Lettie Cowman [Betânia]
Não há outro livro mais amado pelos evangélicos brasileiros. Este campeão de vendagem é um livro de leituras devocionais diárias que conquistou nosso país. O livro é, de fato, bom, mas desconfio que a tradução deu uma mãozinha.

2. “Uma Igreja com Propósitos” -- Rick Warren [Vida]
O maior “best-seller” evangélico de todos os tempos é uma catástrofe literária. É ainda difícil calcular o dano que esta obra equivocada causou e ainda irá causar, com sua filosofia de ministério inteiramente vendida ao “Zeitgeist”, propondo a homogeneização das igrejas e um pragmatismo de dar medo.

3. “A Quarta Dimensão” -- David Paul Yonggi Cho [Vida]
Este livro fez mais pelo movimento pentecostal no Brasil do que qualquer televangelista. O testemunho bem escrito do pastor coreano que vive cercado de milagres causou “frisson” até mesmo nos grupos mais conservadores. Seu modo de ver a vida com Deus e o ministério marcaram as últimas décadas.

4. “A Agonia do Grande Planeta Terra” -- Hall Lindsay [Mundo Cristão]
Calcado no pré-milenismo dispensacionalista de Scofield, este “best-seller” apocalíptico empolgou os profetas do fim do mundo no Brasil, com sua interpretação literalista imprudente e seu patriotismo norte-americano acrítico. Lindsay foi o arauto de três décadas das mais absurdas especulações escatológicas em nossas igrejas.

5. “O Ato Conjugal” -- Tim e Beverly La Haye [Betânia]
Sexo é um assunto importante, e o povo ansiava por uma orientação em face da revolução sexual dos anos 60. Daí o sucesso de um livro bem escrito como este, didático e conservador, ao gosto da moral evangélica, mas sem ser inteiramente obtuso. Mesmo assim, muitos o chamaram de pornográfico. Nada mais injusto.

6. “Este Mundo Tenebroso” -- Frank Peretti [Vida]
A ficção convence mais rápido. Revoluções acontecem inspiradas por romances, e não por tratados filosóficos. Peretti, com seu horror cristão, nos ensinou o significado da batalha espiritual nos anos 80, reencantou o submundo evangélico, inspirou pregadores e, o que não é nada ruim, motivou muitos adolescentes a ler obras de ficção bem melhores.

7. “A Morte da Razão” -- Francis Schaeffer [ABU]
A intelectualidade evangélica adotou este livro como alicerce nos anos 70, para enfrentar o existencialismo, o movimento “hippie”, o marxismo e a contracultura em geral. O livro convencia que o cristianismo não era incompatível com o estudo e a reflexão. É um pena que Schaeffer estivesse tão equivocado em suas idéias centrais.

8. “Celebração da Disciplina” -- Richard J. Foster [Vida]
Este clássico da espiritualidade cristã, escrito por um quacre, fez um tremendo sucesso no Brasil a partir dos anos 80. É excelente, mas será que todos que o compraram de fato o leram? Gostaria de perceber uma maior influência das idéias de Foster em nosso povo, mais oração, silêncio, calma, estudo, empenho, enfim, disciplina espiritual.

9. “De Dentro para Fora” -- Larry Crabb [Betânia]
Os livros devocionais evangélicos de viés psicológico ou de auto-ajuda são os títulos que mais vendem. Dentre eles, alguns se destacam não só por serem campeões de vendagem, mas porque são os melhores do gênero. Crabb é o melhor autor do gênero e este é seu melhor livro, que impactou o nosso povo nos anos 90.

10. “Louvor que Liberta” -- Merlin R. Carothers [Betânia]
Este pequeno e poderoso manifesto em forma de testemunho revolucionou, nos anos 70, o louvor e a adoração no Brasil. O bom capelão ensinou a todos nós a espiritualidade da adoração, o poder do louvor, impulsionando as guerras litúrgicas que marcariam a vida de nossas comunidades a partir de então.

11. “Vivendo sem Máscaras” -- Charles Swindoll [Betânia]
Outro “best-seller” devocional dos anos 90, de viés psicológico e de auto-ajuda, com o vigor característico das obras de Swindoll, escritas a partir de suas pregações. Muitos se sentiram não apenas edificados, mas tocados e transformados.

12. “A Cruz e o Punhal” -- David Wilkerson [Betânia]
Outro opúsculo dos anos 70 que, na forma de um testemunho pessoal, inspirou os jovens evangélicos a uma fé mais comprometida. Curiosamente, não levou as igrejas a um investimento em missões urbanas, idéia que permeia todo o livro. Talvez o Brasil evangélico dos anos 70 não estivesse pronto para missões urbanas.

13. “Crer é Também Pensar” -- John Stott [ABU]
Stott é um ícone no Brasil, um nome respeitado pela sua erudição e sua notável produção literária, apesar de estar invariavelmente sob suspeita de heresia pelos mais neuróticos. O fato é que a qualidade de seus livros varia. Seu excelente “Ouça o Espírito, Ouça o Mundo” merece mais atenção. Já o opúsculo selecionado, tão conhecido desde os anos 70, não tem muito a dizer além do título.

14. “O Senhor do Impossível” -- Lloyd John Ogilvie [Vida]
Outro devocional que emplacou no Brasil nos anos 80, não sem méritos. É o maior sucesso do autor, ainda que inferior a “Quando Deus Pensou em Você”, que o antecedeu. O livro estimula a fé e nos faz mais esperançosos, apesar da teologia rasa.

15. “A Família do Cristão” -- Larry Christenson [Betânia]
Antes de Dobson e tantos outros, Christenson já era “best-seller” nos anos 70. Pioneiro entre os que se pretendem auxiliares da vida familiar cristã, ele foi estudado nos lares por grupos e células, em escolas dominicais etc. Sua eficácia é comprovada.

16. “O Jesus que Eu Nunca Conheci” -- Philip Yancey [Vida]
Os anos 90 assistiram ao aparecimento de um dos mais argutos e estimulantes autores evangélicos de todos os tempos: o audaz Yancey, que começou a apontar para o paradigma emergente em livros como “Alma Sobrevivente”, “Descobrindo Deus nos Lugares mais Inesperados”, “Maravilhosa Graça”, “Rumores de Outro Mundo”, “Decepcionado com Deus” e tantos outros livros excelentes. E o mais conhecido e lido parece ser mesmo “O Jesus que Eu Nunca Conheci”.

17. “O Discípulo” -- Juan Carlos Ortiz [Betânia]
Poucos livros foram tão impactantes nos anos 70 quanto esta obra que, excepcionalmente, não vinha do mundo anglo-saxão, mas da Argentina. Por isso mesmo, Ortiz tinha uma outra linguagem, um discurso que convencia os jovens brasileiros da seriedade e do valor de se tornar mais do que um mero freqüentador de igrejas, um genuíno discípulo de Cristo.

18. “Bom Dia, Espírito Santo” -- Benny Hinn [Bompastor]
O neopentecostalismo brasileiro é, em grande parte, de inspiração norte-americana. Talvez o nome mais importante nesse processo seja o do “showman” evangélico Benny Hinn, que desde os anos 90 assombra os norte-americanos pela televisão com seus feitos espetaculares. Mesmo quem não o leu conhece sua influência no Brasil.

19. “O Refúgio Secreto” -- Corrie Ten Boom [Betânia]
O testemunho desta nobre senhora holandesa encantou também o Brasil, onde seu livro foi um grande sucesso nos anos 70. Suas aventuras durante a Segunda Guerra Mundial, sob o pano de fundo de sua educação em um lar cristão, são comoventes e inspiradoras.

20. “A Autoridade do Crente” -- Kenneth Hagin [Infinita]
Hagin foi um divisor de águas no mundo evangélico, pois desde sua influência os crentes “tomam posse”, “determinam”, “amarram” e “exigem”. Uma nova forma de falar se fez presente, o que gerou muitas novas piadas também.

21. “Entendes o que Lês?” -- Fee e Stuart [Vida Nova]
Que bom que um livro sério como este foi tão lido e estudado no Brasil. Trata-se de um compêndio de hermenêutica bíblica sem complicações, em linguagem acessível, adotado por quase todos os seminários e estudado até mesmo nas EBD’s e pequenos grupos. Este livro fez muito pela educação bíblica dos evangélicos brasileiros.

22. “Culpa e Graça” -- Paul Tournier [ABU]
Não há, com raras exceções, psicólogo cristão que não considere este livro um fundamento e um marco do pensamento cristão. Mas ele não se limita a isso, tendo tido considerável influência na teologia evangélica brasileira nos anos 90, preparando nosso povo para o paradigma emergente do século 21.

23. “Novos Líderes para Uma Nova Realidade” -- Caio Fábio D’Araújo Filho [Vinde]
Este opúsculo foi, se não o mais lido, certamente o mais importante dos numerosos livrinhos do pastor Caio Fábio, fenômeno de popularidade no Brasil nos anos 80 e 90, pastor midiático, influente, contundente, imitado, adorado e odiado. Caio nos ensinou a ver as coisas de outro jeito, e seu legado não vai desaparecer.

24. “Vida Cristã Normal” (ou “Equilibrada”, na reedição) -- Watchman Nee [Editora dos Clássicos]
O controverso evangelista e autor chinês Nee teve muita influência nos anos 70 e 80, com sua visão mística do que significa ser um cristão evangélico conservador. Este livro foi seu maior sucesso, um comentário de Romanos, ainda que seu livro mais objetivo e claro seja “A Liberação do Espírito”.

25. “É Proibido” -- Ricardo Gondim [Mundo Cristão]
Gondim é um dos melhores e mais polêmicos autores evangélicos contemporâneos. Seus livros, como Eu Creio, Mas Tenho DúvidasO que os Evangélicos (Não) Falam, Orgulho de Ser Evangélico, são sempre interessantes. Nenhum, porém, foi tão influente e marcante como “É Proibido”, um verdadeiro libelo anti-legalista.

26. “Conselheiro Capaz” -- Jay Adams [Fiel]
Adams era uma pessoa muito simpática. Sua escola de aconselhamento cristão é muito antipática. Diferentemente de Crabb, por exemplo, problemas emocionais têm origem fisiológica ou pecaminosa. Por isso, é preciso confrontar as pessoas e insistir na mudança do seu comportamento. Foi um sucesso nos anos 80. Haja behaviorismo!

27. “Quebrando Paradigmas” -- Ed René Kivitz [Abba Press]
Este livro foi decisivo para que os evangélicos brasileiros começassem a enxergar a outra margem do rio, a margem pós-evangélica do paradigma emergente. Kivitz é um autor surpreendente e notável, de mente dinâmica e arejada, que propõe importantes rupturas e renovações, como em seu outro livro “Outra Espiritualidade”.

28. “O Amor Tem Que Ser Firme” -- James Dobson [Mundo Cristão]
O conhecido “Dr. Dobson” é pensador e autor de grandes qualidades e grandes defeitos. Seus livros, como “Educando Crianças Geniosas”, ajudam famílias e promovem uma espécie de teologia aplicada que merece atenção. Há, porém, muito que não se deveria levar a sério, já que vai contra o que há de mais consagrado na psicologia moderna.

29. “Supercrentes” -- Paulo Romeiro [Mundo Cristão]
O autor de “A Crise Evangélica” tem talento e tem algo a dizer. Seus textos, especialmente o famosos “Supercrentes”, têm apontado para os exageros e enganos de muitas posturas comuns no meio evangélico contemporâneo.

30. “Cristianismo e Política” -- Robinson Cavalcanti [Ultimato]
Trata-se de um clássico. Este livro está nas origens de toda reflexão política evangélica. Robinson é importante por outras questões, como seus livros sobre sexualidade (“Uma Bênção Chamada Sexo”, “Sexualidade e Libertação”), mas sua contribuição permanente é o estímulo que deu à reflexão política evangélica.

31. “O Evangelho Maltrapilho” -- Brennan Manning [Mundo Cristão]
Não há outro autor mais importante no meio evangélico nos últimos dez anos do que Brennan Manning. Seus livros devocionais, como “O Impostor que Vive em Mim”, “A Assinatura de Jesus”, “O Obstinado Amor de Deus”, estão transformando radicalmente a maneira como os evangélicos entendem a vida cristã. Eu fico muito grato.

32. “O Pastor Desnecessário” -- Eugene Peterson [Mundo Cristão]
Peterson é muito estimado no meio evangélico brasileiro e um dos autores mais bem avaliados dos últimos tempos. Responsável por projetos como “The Message” (excelente paráfrase bíblica), tem nos galardoado com obras como “Corra com os Cavalos”, “A Oração que Deus Ouve”, “A Vocação Espiritual do Pastor”, “Transpondo Muralhas”, entre outros. Selecionei o que talvez seja o mais importante.

33. “Poder Através da Oração” -- E. M. Bounds [Batista Regular]
Nos anos 70, quando não havia ainda bons livros sobre oração, como o de Richard Foster ou o de Eugene Peterson, os livros de Bounds sobre oração circulavam de mão em mão, trazendo avivamento às igrejas. Hoje Bounds está quase esquecido. Quase.

34. “Cristo é o Senhor” -- Dionísio Pape [ABU]
No fim dos anos 60 e começo dos anos 70, o nome de Pape se destacava pela espiritualidade, profundidade e sucesso ministerial. Seu opúsculo “Cristo é o Senhor” levou muitos à consagração e ao ministério.

35. “O Caminho do Coração” -- Ricardo Barbosa [Encontro]
Barbosa (junto com Osmar Ludovico, James Houston e outros) é responsável pelo retorno ao interesse pela mística cristã em nosso país. Seus livros nos ensinam uma outra atitude não somente em relação à vida, mas também em relação à teologia. Uma atitude contemplativa.

36. “O Novo Testamento Interpretado” -- R. N. Champlin [Hagnos]
Não privilegiei obras teológicas e comentários bíblicos nesta lista porque tais livros, em geral, não vendem bem e sua influência é pequena. Uma exceção precisava ser feita em relação ao favorito das bibliotecas. O empenho exaustivo de Champlin precisava ser lembrado, pois ainda vende bem e é o comentário primordial dos evangélicos.

37. “Icabode” -- Rubem Martins Amorese [Ultimato]
Este livro pode não ter sido tão lido quanto é citado, mas definiu um novo tipo de reflexão cristã no Brasil, que propõe diálogo com a cultura em outro nível que não o da evangelização, e sim o da discussão de valores e princípios que podem levar nossa sociedade para um patamar melhor ou pior. É uma boa influência.

38. “A Bíblia e o Futuro” -- Anthony Hoekema [Cultura Cristã]
Este estudo do Apocalipse cresceu em importância no Brasil em uma época em que quase não havia obra que fizesse uma defesa do amilenismo, apesar dos pouco conhecidos esforços de Harald Schally. O livro provocou conversões em massa a partir dos anos 80, e a escatologia nunca mais foi a mesma no Brasil.

39. “Cristianismo Puro e Simples” -- C. S. Lewis [Martins Fontes]
Também conhecido como “Mero Cristianismo”, a busca de Lewis pelo denominador comum da fé cristã impacta brasileiros desde os anos 70. Seleciono o livro simbolicamente, já que Lewis não poderia ficar de fora, seja por causa de “Os Quatro Amores”, “Milagres”, “Cartas do Inferno” ou “As Crônicas de Nárnia”.

40. “A Mensagem Secreta de Jesus” -- Brian D. McLaren [Thomas Nelson]
Em 2007 o leitor evangélico brasileiro foi surpreendido por este livro do mesmo autor de “Uma Ortodoxia Generosa”. Fiquei admirado ao ver como todos passaram a conhecer e a comentar a obra de McLaren, que representa melhor do que ninguém o paradigma teológico evangélico emergente. Não dá pra não ler.
***

 Ricardo Quadros Gouvêa é ministro presbiteriano e professor de teologia e de filosofia.

Fonte: Ultimato

Spurgeon, os apóstolos brasileiros e as suas manias por títulos


 
Charles Haddon Spurgeon (1834-92) foi o mais conhecido pregador da Inglaterra pela maior parte da segunda metade do século dezenove. Spurgeon converteu-se em Colchester em 6 de janeiro de 1850, e foi batizado no Rio Lark em Isleham em 3 de maio de 1850. Pregou seu primeiro sermão na cidade de Cottage, neste mesmo ano.  Em 1854, apenas quatro anos após sua conversão,  então com apenas vinte anos, se tornou pastor da famosa Igreja Batista de New Park Street em Londres (anteriormente pastoreada pelo grande teólogo John Gill). A congregação rapidamente cresceu mais do que seu prédio poderia comportar, mudando-se então para o Exeter Hall, e de lá para o Surrey Music Hall. Nestes locais Spurgeon freqüentemente pregava para audiências com mais de 10.000 pessoas. Em 1861 a congregação se mudou definitivamente para o recém construído Tabernáculo Metropolitano.

Os sermões do Spurgeon foram e ainda são amplamente distribuídos e  traduzidos em muitas línguas. O conjunto dos trabalhos impressos de Spurgeon do denomindao principe dos pregadores é volumoso.
As pessoas que ouviam Spurgeon, naquela época, faziam consideraçơes sobre ele que deixariam qualquer evangélico orgulhoso. O jornal The Times publicou, certa ocasiăo, a respeito do pastor inglês: Ele pôs velha verdade em vestido novo. Já o Daily Telegraph declarou que os segredos de Spurgeon eram o zelo, a seriedade e a coragem. Para o Daily Chronicle, Charles Spurgeon era indiferente à popularidade; um gênio, por comandar com maestria, uma audiência. O Pictorial World registrou o amor de Spurgeon pelas pessoas.

Spurgeon escreveu 135 livros durante 27 anos (1865-1892) e editou uma revista mensal denominada A Espada e a Espátula. Seus vários comentários bíblicos ainda săo muito lidos, dentre eles: O Tesouro de Davi (sobre o livro de Salmos), Manhă e Noite (devocional) e Mateus - O Evangelho do Reino. Até o último dia de pastorado, Spurgeon batizou 14.692 pessoas. Na ocasiăo em que ele morreu - 11 de fevereiro de 1892 -, seis mil pessoas leram diante de seu caixăo o texto de Isaías 45.22a: Olhai para mim e sereis salvos, vós todos os termos da terra.

Caro leitor,  por acaso você sabia que esse grande homem de Deus recusou a ordenação pastoral, como também o título de Reverendo? Spurgeon dizia que reverência deveria ser dada somente ao Senhor.
Pois é, a atitude de Spurgeon é tão diferente dos pastores, e apóstolos dos nossos dias não é verdade? Lamentavelmente em nosso país existem inúmeros líderes cristãos que desejam ostentação e títulos. Outro dia fiquei sabendo de um pastor que  numa cerimônia suntuosa foi "coroado" apóstolo". Há pouco,  relatei o episódio ocorrido a um pastor de em Niterói, que da noite pro dia virou bispo presidente.

Prezado amigo, duvido que qualquer um desses apóstolos, bispos e pastores tenham feito mais pelo Reino do que Spurgeon. Confesso que essa mania tupiniquim por títulos eclesiásticos me assusta profundamente.
Com lágrimas nos olhos sou obrigado a concordar com o fato de que essa corja apostólica não está preocupada com a glória de Deus e sim exclusivamente com a exaltação de seus nomes, os quais acreditam sejam célebres e magnânimos.

Desigrejados! Por que tantos desanimam e desistem da fé em Cristo?


"Conforme se diz, a igreja de Jesus Cristo é como a arca de Noé: o mau cheiro de dentro seria insuportável se não houvesse uma tempestade do lado de fora". [Charles Colson]
É crescente o número dos “sem-igreja”. O que antigamente chamávamos de “desviados” ou “ex-cristãos” agora chamamos de “desigrejados”. Essas pessoas ainda consideram que vivem a fé em Cristo, mas que podem se dar ao luxo de desprezarem a Igreja. Os desigrejados defendem que a fé cristã pode ser exercida fora da comunhão eclesiástica. É uma espécie de individualismo radical manifesto como a “comunhão sou eu” ou “eu tenho em comum comigo mesmo”. 

A igreja nunca foi e nunca será (nesta terra) um ambiente de notáveis cidadãos perfeitos. A igreja não é uma reunião de anjos, mas sim uma reunião de pecadores em busca de redenção. Sim, há comunidades melhores e piores, mas você nunca encontrará uma perfeita. Portanto, a busca pelo “cristianismo autêntico” é nobre, mas quando esquecemos que ainda estamos no mundo podemos mergulhar em uma espiral de decepção com a instituição chamada igreja. A maior prova que a igreja não é perfeita é o nosso espelho. Ora, se a igreja é formada de homens, logo...

Portanto, se eu me tornar um desigrejado porque só vejo imperfeições nas instituições, logo sou duas coisas: a) um idealista que não pisa o pé no chão e ignora a própria imperfeição ou b) alguém que usa isso como desculpa para justificar o seu abandono da fé com ares de heroísmo e zelo pela “essência do cristianismo”.

Quando leio o final do Sermão do Monte (cf. Mateus 7. 24-27) fico a pensar que o fenômeno dos desigrejados é mais uma consequência do esvaziamento do púlpito cristão associado aos pressupostos contemporâneos. É o casamento perfeito entre uma igreja divorciada do compromisso doutrinário com a cultura da egolatria. É a insensatez com ar de militância e sabedoria. Além disso, é uma forma de dizer “eu sou igreja”, mas eu não preciso compartilhar com ninguém. Infantil? Sim, a infantilização é marca crescente na sociedade.

A Igreja Cristã sempre teve em seu meio pessoas que a deixaram. Alguns com sérias justificativas e outros nem tanto. O que temos de novo é o não-reconhecimento do abandono. Hoje, os desigrejados acreditam que o rompimento completo com qualquer igreja institucionaliza ou um grupo eclesiástico não-institucionalizado é revolucionário. Assim, para eles, o romper com a igreja visível é abraçar sinceramente a Igreja invisível.

É bem verdade que precisamos romper com muitas instituições para não perdemos o foco de Cristo. É também verdade que muitas igrejas institucionalizadas mais nos afastam do que nos aproximam do Evangelho. Tudo isso é verdade. Mas é um retumbante exagero achar que é possível viver a Igreja invisível e não buscar um grupo para compartilhar a comunhão cristã.

No quadro abaixo temos as principais causas do movimento dos “desigrejados”. Vejamos:


1. Acreditar, por ingenuidade ou conveniência, que existem igrejas perfeitas e, portanto, o desigrejado precisa abandonar as comunidades imperfeitas.

2. Uma baita dose de orgulho. A maioria dos desigrejados acusam as comunidades cristãs como ambientes hipócritas. Será que eles são a essência da transparência e da sinceridade?

3. A Síndrome de Elias é outra explicação para o crescimento dos desigrejados. Muitos acham que são o único remanescente justo que sobrou neste planeta.

4. Abraçar radicalmente o individualismo como uma forma de “comunhão comigo mesmo”. O homem é essencialmente social e com isso não quero dizer que devemos abraçar coletivismos.

5. O movimento é parte, também, da cultura evangelical emergente. Hoje, muitos acham que falar de Deus e de artes enquanto tomam café no Starbucks é um exercício de culto e a formação de uma igreja.

6. As mídias são ótimas ferramentas de divulgação do Evangelho, mas alguns substituíram o ambiente eclesiástico pelos cultos eletrônicos. Ora, é fácil ser “membro” de uma igreja em que eu não preciso compartilhar "o que tenho em comum" com ninguém!

7. As mega-igrejas são apontadas como uma das causas desse "fenômeno desigrejad"o. Ele pode até ir uma vez ou nunca numa dessas igrejas enormes e ninguém notará a sua ausência no domingo seguinte.




Na divulgação do Censo 2010 veremos como o grupo dos desigrejados apresentará o maior crescimento no quesito “religião”. Talvez não seja o desafio do século, mas certamente é o desafio da década para a igreja contemporânea no Brasil e nos países ocidentais. 

Mas, sinceramente falando, poucos foram os movimentos dentro da igreja na história pobre de substância do que o movimento dos desigrejados.

Fonte: Teologia Pentecostal
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